Três meses antes de uma mudança drástica na rotina de todo o planeta, lá estávamos, no profundo Brasil, nos encontrando com mulheres de força e fé que nos diziam sobre o destino do mundo. Com um tom de revelação e coragem, os sinais surgiam nas vozes dessas visionárias que nos surpreendiam fortemente – hoje entendemos por quê.
“Resto de Mundo” virou uma metáfora concreta para mim, além do nome da Série que estamos prestes a lançar. Aprendi muito com o elenco das profetisas que encontramos durante as gravações, meses antes de tudo se revirar, mais uma questão parecia ser unânime:
a que estamos no centro de algo muito forte e que se materializa cada dia mais, chegamos no RESTO.
Estamos no tempo de atravessar o buraco da agulha afiada que nós nos metemos, que fura qualquer bolha de conforto e negação da realidade. Estamos inaugurando o tempo do RESTO, aquele saldo depois da travessia, que deixa de ser a sobra e o descartável, mas torna-se a essência inabalável diante de tudo que está em queda.
O RESTO é suprassumo após espremido nosso tempo, espaço, emoções, relações numa catástrofe global. É o particular indivisível que firma a minha mais plena assinatura: é tudo aquilo que fica; é o que importa.
Talvez hoje, em cacos, possamos olhar uns para os outros e reconhecer a realidade daquilo que fica, o que resta em continuidade inabalável.
Fico sempre buscando o que sobra em mim depois de um tombo -> isso que resta, que define meu feitio humano, inevitavelmente sou eu em substância extraordinária.
Recorro então ao nome dessa marca invencível que percorre o tempo de todos os dramas, esse destemido corpo de significâncias chamada ANCESTRALIDADE.
Confira abaixo algumas fotos que me relembram o RESTO que encontrei no ROSTO de cada uma dessas mulheres que estive durante a jornada pela caatinga baiana:
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